19 de agosto de 2009

Semelhanças e Diferenças

O brasileiro Nelson Piquet marcou época na Fórmula 1. Nas pistas um corredor cerebral, três vezes campeão do mundo. Fora delas um excelente desenvolvedor de carros aliado a um senso de humor louvável. Dizem que a paixão corre no sangue e no caso do automobilismo não seria diferente. Resultado: Nelson Piquet Jr. também se tornou um piloto e até certo ponto seguiu os passos do pai.
Nelson Piquet antes de chegar até a categoria máxima teve passagem destacada pela Fórmula 3, o que despertou interesse de muitos times. Ainda em 1978 fez quatro corridas: uma pela Ensign e as outras com a BS Fabrications. A chance viria na temporada seguinte na Brabham:
“Eu o escolhi porque ele sabe tudo sobre como vencer e também não está tão atrás assim do Niki.”- (Bernie Ecclestone, dono na Brabham, 1979)
Na verdade Ecclestone encontrou um jovem motivado que aceitou correr sem um salário. Melhor, agradou em cheio seu patrocinador – a Parmalat aquela altura já ensaiava uma entrada no mercado brasileiro. Na equipe, Nelson encontrou um bicampeão como companheiro. Niki Lauda tinha dos títulos com a Ferrari, nos anos de 1975 e 77. Mas o brasileiro começou a mostrar serviço:
“Piquet é um brilhante recém-chegado a Fórmula 1. Foi excelente na África do Sul. O concenso geral das opiniões é que Niki Lauda terá que trabalhar muito neste ano, se quiser manter-se constantemente à frente do seu jovem protegido brasileiro, que de acordo com o pessoal da Brabham tem, como o próprio Niki, muitas das características inteligentes de um piloto profissional.” – (Motoring News, 1979)

O carro da Brabham apresentava um problema crônico de confiabilidade no motor Alfa Romeo. Aliado a isso, Lauda de longe mostrava a mesma determinação de outrora. Já pensava mais nos seus negócios que iam além da Fórmula 1. Vendo isso, Ecclestone deixou todo o desenvolvimento do novo carro com motores Cosworth para Nelson Piquet e o trabalho foi bem feito. Antes disso, Piquet continuava a encantar:
“(…) piloto sensacional, atuação impecável, precisão, arrojo, agressividade…e quem não prestasse atenção ao numeral do carro, pensaria que aquele Brabham era certamente do ex-campeão mundial Niki Lauda e não do novato Nelson Piquet.” - (Autosport, 1979)
Com o carro desenvolvido exclusivamente por ele, Nelson se tornou vice-campeão em 1980, enquanto Lauda foi se dedicar aos seus negócios. Daqui para frente todos conhecem a trajetória do brasileiro.
Sabendo o caminho das pedras, Nelson Piquet soube direcionar corretamente a carreira do filho. Por onde passou, montou time próprio e muito forte, os resultados não poderiam deixar de aparecer. Em 2008 a Fórmula 1 se tornou uma realidade. A equipe Renault não estava em uma boa fase, mas contava com o bicampeão Fernando Alonso, um dos melhores pilotos dessa geração.

Nesse ponto as histórias de pai e filho se encontravam. Ao contrário de seu pai, Piquet Jr. pertence a uma geração cada vez mais profissional e muito menos técnica, que chega a Fórmula 1 cada vez mais cedo e saem do berço com o caminho feito até a categoria. Além do mais, Alonso sempre se mostrou motivado para conseguir levar a Renault ao ponto mais alto:
"Não é que é frustrante. No final do dia você fez seu próprio trabalho. Mas é claro que o o objetivo para o restante da temporada é finalizar o Mundial de Construtores em quarto. Então nós precisamos de pontos dos dois pilotos. Eu farei meu melhor e o Nelsinho também, mas hoje está difícil para ele marcar. Espero que nós dois possamos estar na rodada final do treino no futuro e que consigamos ter progresso no carro para a Renault atingir seu objetivo". – (Fernando Alonso, 2008)
Na Brabham, Nelson encontrou ambiente favorável para desenvolver seu potencial. Na Renault, Piquet Jr. encontrou um time nitidamente voltado ao espanhol e não teve talento ou personalidade para modificar isso. Até que teve um ensaio, ao conseguir um pódio na Alemanha:
“Nelsinho provou que com um bom carro é capaz de lutar com os melhores pilotos. Aconteceu exatamente o que era necessário para ele aparecer lá na frente, safety car no pit stop, mas ele não poderia falhar na seqüência. Tinha de ser rápido e consistente, mesmo com todos querendo ultrapassá-lo. E Nelsinho foi capaz.” – (Denis Chevrier, chefe dos engenheiros)


Mas rápido teve a euforia controlada:
"No momento, não acho que ele seria capaz de vencer um campeonato pela Renault ou pela Ferrari. Ele tem uma personalidade misteriosa e precisa melhorar porque o sobrenome não vai deixá-lo mais rápido." – (Flávio Briatore, 2008)
Briatore conseguiu terminar o texto por mim. Piquet Jr. ainda continua a escrever sua história na Fórmula 1, de forma bem discreta até nesta temporada. Com o possível aumento das equipes para o ano que vem, certamente manterá seu lugar. Veremos o que ainda pode fazer…

3 comentários:

Rodrigo disse...

Detalhe, roubei do F1 DataBase

disse...

"Ele tem uma personalidade misteriosa e precisa melhorar porque o sobrenome não vai deixá-lo mais rápido."

Foi o melhor, heheh. Parece até que Briatore lê o blog.

Vamos torcer pra que ele consiga uma equipe ano que vem, pra voltar a dar assunto pro Titaníticos

Anônimo disse...

Странно, искал совсем не это, гугл выдал Ваш сайт, и судя по всему не зря, есть что почитать! Goodwork!